Quando um casal decide tentar engravidar, é natural que planos sejam feitos, que expectativas sejam criadas, que o casal se sinta verdadeiramente animado. Mas vai passando um mês, dois meses… e nada. E a ansiedade vai tomando conta desse momento que foi pensando e planejado como um momento prazeroso, gostoso de ser vivido.
A ansiedade vai estar presente nesse processo, inclusive, pelo desconhecido. Acredita-se que logo o positivo vai chegar, afinal, crescemos ouvindo relatos de pessoas que não queriam e engravidou, que aconteceu no primeiro descuido… mas não somo tão férteis assim. A cada ciclo menstrual, temos em média 20% de chances de engravidar e esse número vai variar de acordo com alguns fatores, como a idade da mulher.
Vamos entender um pouco o que é ansiedade?
Ansiedade é uma característica biológica do ser humano, que antecede momentos de desafios e de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais e emocionais desagradáveis, tais como uma sensação de vazio no estômago, coração batendo rápido, medo intenso, aperto no tórax, transpiração e etc.
Todo ser humano sente ansiedade e ela tem uma função para nossa sobrevivência. O problema é quando se torna tão intensa e dominante, que geram prejuízos no sono, apetite, relações, a forma como se ver, como se relaciona consigo e com os outros…
O que a psicologia diz sobre a ansiedade no contexto dos tratamentos de reprodução assistida?
A infertilidade pode gerar muita ansiedade, já que perder o controle diante dos planos de vida tende a gerar sentimentos de insegurança e vulnerabilidade. E é natural se sentir ansiosa por algo que se quer muito e que, de alguma forma, está havendo investimento seja física, emocional, ou financeiramente… sem garantia alguma de que todo esse investimento levará a realização do sonho da maternidade.
Mas não é normal quando se organiza a vida apenas em função da gestação, do sexo… Quando todo mês há uma reorganização de vida, uma nova contagem… Quando a vida é coloca em modo de espera. Quando a mulher/casal vive como sendo sua infertilidade.
Embora a ansiedade, por si só, não seja a causadora da infertilidade, já que somos seres integrais e precisamos considerar o todo, é muito claro que uma ansiedade que tem sido intensa e recorrente age no aumento da produção de cortisol que vai influenciar diretamente na produção e regulação dos hormônios reprodutivos.
Diante de tantos impactos emocionais e físicos que a ansiedade pode gerar quando se torna adoecedora, buscar seu manejo e redução significa buscar caminhos para viver bem esse processo de tentativas. Por isso, cuidar da integralidade da saúde e do corpo e ter um acompanhamento psicológico se faz essencial nesse momento.
O espaço terapêutico promoverá acolhimento, cuidado e validação, ajudará no desenvolvimento de recurso para redução da ansiedade, e auxiliará na tomada de decisão mais consciente, alinhando as expectativas do processo com a realidade.
Não hesite em procurar ajuda profissional. Conte comigo!
Camila V. S. Gaspar | Psicóloga Perinatal e da Reprodução Humana Assistida | CRP 06/182380