A vivência do diagnóstico de infertilidade e seu tratamento, bem como o momento de espera pela chegada do filho, pode ser dolorosa, difícil, desafiadora e atravessada por muitos sentimentos.
Frustrações pelos ciclos que se encerram, esperança pelos recomeços, novos caminhos marcados pelo medo de não conseguir realizar o sonho da maternidade, a necessidade de persistir, de encontrar outras possibilidades… podem se fazer presentes ao longo do seu percurso.
Diante da perda do controle de si, do seu corpo e de seu projeto de vida, você pode estabelecer uma relação negativa com seu próprio corpo e apresentar, de maneira muito intensa, sentimentos de perda, culpa, punição, fracasso, impotência, incompletude, inferioridade, baixa autoestima…
Esses sentimentos internos podem se instalar na relação conjugal, a baixa autoestima pode influenciar na sexualidade e o sexo pode passar a ser visto apenas como um meio para realizar o seu desejo de filho, tornando-se automático e com hora marcada. Tudo isso pode afastar o casal e, o que poderia ser uma vivência de apoio mútuo, passa a ser o distanciamento de duas pessoas com um sonho em comum.
Crenças e preconceitos envolvem esse sonho de ser mãe, roubam espaços de fala e muitas mulheres se veem sozinhas, isoladas, com pouco ou nenhum suporte e com baixa qualidade de vida. Todos esses sentimentos, quando não ditos, sufocam e tomam proporções maiores, podendo causar ansiedade e depressão, conflitos emocionais, sexuais e relacionais. Podem fazer com que a mulher se perca de si mesma, se afaste das suas relações, de outros projetos de vida, sonhos, necessidades…
Por isso, um acompanhamento psicológico por um profissional especializado se faz muito necessário por diversos motivos.
É uma forma de prevenção ao adoecimento mental da mulher, do casal e da família como um todo nesse processo de tentativas . Além disso, ferramenta mantenedora de si mesma, de relações, projetos, atividades e sonhos para além da maternidade, apesar dos desafios presentes nesse momento. Através do cuidado e acolhimento que o espaço terapêutico oferece, é possível trabalhar o autoconhecimento, a resiliência, o manejo e redução da ansiedade, o resgate da autoestima, além de ser um espaço de fala e validação sem julgamentos.
Além do aspecto emocional, é importante o cuidado com a saúde física, o acompanhamento de um médico especializado, o cuidado com alimentação, com a qualidade do sono, prática de exercício físico, momentos de relaxamento, respiração…
É muito possível viver esse momento de espera de maneira mais leve, saudável, com bem-estar e qualidade de vida. E para isso, é preciso um cuidado da mente e do corpo.
Saúde é integral. Seu corpo é integral. E é possível encontrar caminhos de leveza através dessa integralidade.
Você merece cuidado! Cuide-se!
Camila V. S. Gaspar | Psicóloga Perinatal e da Reprodução Humana Assistida | CRP 06/182380